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A teoria das cores e sua aplicação no cinema

Você provavelmente já ouviu falar sobre psicologia das cores. Esse é um termo usado para nomear o campo que estuda as diferentes reações do nosso cérebro sob influência das cores. Ele é muito usado em campos diversos da comunicação e não poderia ser diferente no audiovisual.


Nesse post vamos te explicar que o uso das cores vai muito além da estética, como ele funciona para expressar sentimentos através dos filmes e como isso pode ser uma linha guia para traçar uma energia coesa em uma produção.


Joaquim Phoenix olhando para o nada com cenário vermelho e amarelo atrás.
Ela (2013)

Entendendo as cores


As cores, na realidade, não existem. Elas são percepções da nossa retina de um determinado comprimento de onda. Quando a luz bate em um objeto, ele absorve e reflete os comprimentos de onda e, assim, os que são refletidos são o que nós enxergamos.


Logo, a percepção da cor é mutável dependendo da incidência ou não de luz, das cores que as acompanham no cenário, do movimento daquele objeto, entre outras circunstâncias. Ou seja, a cor não é simplesmente física, ela tem grande caráter subjetivo.


Infográfico do Quarto Studio sobre a teoria das cores.

Além disso, as cores são divididas em diferentes instâncias. As cores primárias, que são encontradas de forma pura e não através da mistura de nenhuma outra. As cores secundárias, que são obtidas através da mistura de duas cores primárias. E as cores terciárias, que são a mistura de uma cor primária com uma cor secundária.


Também podemos classificar as cores quentes e cores frias. A primeira agrupa o espectro que vai do amarelo ao rosa, e a segunda do verde ao roxo.


As combinações também apoiam na percepção da cor. Logo, a paleta utilizada deve ser pensada com precisão. Alguns exemplos de combinações são a partir de cores complementares, de cores análogas ou da tríade. Porém, existem mais formas de definir um paleta dependendo do número de cores que se pretende usar.


Personagem de George MacKay enconstado em uma árvore de olhos fechados em um campo de grama alta à luz do dia.
1917 (2019)

As primeiras diferenças para escolher cores


A primeira grande chave para escolher as cores de uma cena é entender a importância delas. Diferentes cores são capazes de transmitir diferentes sensações para o espectador e, assim, conseguem acentuar uma sensação ou emoção que pretende ser transmitida. Também é capaz de apontar o clima de uma cena e até o estado emocional de uma personagem.


Todas as cores têm seus dois lados da moeda: nem sempre uma cor transmite só sensações positivas ou só negativas. Elas dependem do contexto escolhido e são muito apoiadas por outras cores na paleta da cena.


Cores quentes tendem a gerar agitação, por isso, são excelentes para ressaltar emoções intensas como paixão, alegria, sensualidade, violência, loucura e até vingança. Além disso, elas não recebem essa classificação a toa, essas cores transmitem também a ideia de calor.


Já as cores frias, por outro lado, apontam sentimentos mais introspectivos, como tristeza, solidão, depressão, calma e passividade. E, como oposto das cores quentes, é capaz de esfriar a cena.


Garoto de costas olhando para o mar. Luz azul predomina sobre a cena.
Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

Bons exemplos de uso das cores


Quando falamos de cor, o primeiro diretor que vem à cabeça é Wes Anderson. Ele é conhecido por caracterizar personagens a partir da paleta, além de trabalhá-las com maestria na direção de arte. Também é reconhecido pelo uso de cores pastéis em seus filmes, como pode ser visto no famoso O Grande Hotel Budapest (2014).


Quatro personagens sentados à mesa de jantar em uma sala luxuosa, com muitos cristais e a cor vermelha prevalesce.
Os Excêntricos Tenenbaums (2001)

Célinne Sciamma é outra diretora que faz bons usos das paletas, principalmente dos contrastes das cores quentes e frias, onde estas definições são executadas para definir um estado emocional das personagens em questão. Vale a pena conferir essa característica em Garotas (2014) e Retrato de Uma Jovem em Chamas (2019).


Por fim, a série da HBO Killing Eve (2018) é uma excelente fonte para analisar a utilização delas, tanto para as personagens, quanto para os momentos diferentes da narrativa, que percorre da depressão à violência também através das cores.


Personagem de verde olhando para personagem de vermelho que a encara de volta enquanto segura seu pulso. As duas se encontram em um sítio histórico de ruínas romanas.
Killing Eve (2018)

Existem muitas outras produções que se destacam pelo uso da cor. A gente abordou isso no episódio 02 do nosso podcast Qu4rto no Quarto, onde a gente fala sobre o uso da luz e coloração no nosso primeiro curta autoral.


Outros exemplos legais para observar são os filmes:

  • Um corpo que cai (1958)

  • Precisamos falar sobre o Kevin (2011)

  • Melancolia (2011)

  • Blade Runner 2049 (2017)

  • La La Land (2016)

  • Animais Noturnos (2016)


Cor por cor


De forma mais detalhadas, aqui vão alguns significados simbólicos das cores para que você use sua paleta de forma mais assertiva.

  • Vermelho: raiva, paixão, desejo, excitação, energia, velocidade, força, poder, calor, amor, agressividade, perigo, fogo, sangue, guerra, violência.

  • Rosa: amor, inocência, saúde, feliz, contente, romântico, charmoso, divertido, suave, delicado, feminino

  • Amarelo: sabedoria, conhecimento, relaxamento, alegria, felicidade, otimismo, idealismo, imaginação, esperança, luz do sol, verão, desonestidade, covardia, traição, ciúme, cobiça, engano, doença, perigo

  • Laranja: humor, energia, equilíbrio, calor, entusiasmo, vibrante, expansivo, extravagante

  • Verde: cura, calmante, perseverança, tenacidade, autoconsciência, orgulho, natureza imutável, meio ambiente, saudável, boa sorte, renovação, juventude, vigor, primavera, generosidade, fertilidade, ciúme, inexperiência, inveja

  • Azul: fé, espiritualidade, contentamento, lealdade, realização, paz, tranquilidade, calma, estabilidade, harmonia, unidade, confiança, verdade, confiança, conservadorismo, segurança, limpeza, ordem, céu, água, frio, tecnologia, depressão

  • Roxo/violeta: erótismo, realeza, nobreza, espiritualidade, cerimônia, misterioso, transformação, sabedoria, iluminação, crueldade, arrogância, luto, poder, sensível, intimidade

  • Marrom: materialista, sensação, terra, casa, ao ar livre, confiabilidade, conforto, resistência, estabilidade, simplicidade


Cores que não fazem parte do espectro

  • Preto: “Não”, poder, sexualidade, sofisticação, formalidade, elegância, riqueza, mistério, medo, anonimato, infelicidade, profundidade, estilo, mal, tristeza, remorso, raiva

  • Branco: “Sim”, proteção, amor, reverência, pureza, simplicidade, limpeza, paz, humildade, precisão, inocência, juventude, nascimento, inverno, neve, bem, esterilidade, casamento (culturas ocidentais), morte (culturas orientais), frio, clínico, estéril

  • Prateado: riqueza, glamour, distinto, terreno, natural, elegante, elegante, alta tecnologia

  • Dourado: preciosidade, riqueza, extravagância, caloroso, riqueza, prosperidade, grandeza

Consegue pensar em mais filmes que a cor destacou para você? Conta para gente nos comentários ou manda uma mensagem nas nossas redes sociais.


Silhueta de uma mulher de perfil em frente a cortinas que rebatem uma luz verde.
Um corpo que cai (1958)

 
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